Por: José Luiz de Carvalho
No pitoresco cenário da foz do rio Igaraçu, onde as águas se encontram com o oceano em um abraço sereno, encontra-se um lugar que transcende a simplicidade do cotidiano. É ali, no aconchego do barranco, que as histórias se entrelaçam com a vida dos pescadores, e os sonhos ganham asas ao sabor do vento marinho.
“A amarração o veleiro branco’ é a tua bandeira”, proclama o poeta da Lagoa Camelo, Adrião Neto, em um tributo à essência que permeia esse pequeno recanto. É como se cada barco ali ancorado representasse não apenas uma embarcação, mas um símbolo de identidade, de pertencimento a um lugar que abraça suas raízes com fervor.
As canoas repousam suavemente nas amarrações, após uma jornada árdua em mar aberto. Seus pescadores, de pele marcada pelo sol e pelo sal, encontram na tranquilidade da costa um merecido descanso. É nesse momento de pausa que a “Flor do Mangue”, obra do saudoso Amaro Nascimento, inspira e motiva os poetas que se encontram à beira-mar. Sob o olhar atento das ondas que dançam na praia, o nascer e o pôr do sol pintam o céu em cores vibrantes, iluminando um palco onde brancas dunas se fundem com a verde relva, e onde atores simples se perdem em devaneios.
Homens e mulheres, nativos e adotivos, se unem nesse coro, celebrando a cidade amada que acolhe, durante todo o ano, centenas de milhares de turistas ávidos por descobrir seus encantos.
Na amarração somos transportados para um mundo onde as rosas e lírios tapetam nossos caminhos, onde os sonhos ganham vida e os olhos se abrem para um universo de possibilidades. É ali, à beira-mar, que encontramos não apenas histórias, mas um convite para sonhar de olhos bem abertos.
Homenagem aos poetas Adrião Neto e Amaro Nascimento (de saudosa memória)
* José Luiz de Carvalho(Escritor e jornalista)
Foto: arquivo web