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Adrião Neto dá sugestões para comemorações do bicentenário da independência do Brasil no Piauí.

 

 

Como estudioso e autor de obras que tem como principal objetivo, o estudo, o resgate histórico, a valorização e a divulgação do Piauí em todos os seus aspectos, não poderia deixar de apresentar algumas sugestões para coroar as comemorações políticas, cívicas e militares alusivas ao Bicentenário do Movimento Separatista de 1822/1823, iniciada em Parnaíba sob a liderança do Coronel Simplício Dias da Silva, que culminou com a Adesão de Oeiras e com a sangrenta Batalha do Jenipapo, em Campo Maior.

Como todos nós sabemos, o Piauí tem três datas importantes e todas giram em torno mesmo fato histórico: o Movimento Separatista de 1822/1823, acima mencionado.

Temos o “19 de outubro de 1822” – data em que sob o comando do Coronel de Cavalaria Simplício Dias da Silva, as lideranças parnaibanas juntando-se ao povo fizeram eclodir um movimento separatista visando a emancipação política do Piauí de Portugal e a sua adesão ao Império de Dom Pedro I.

Temos o “24 de janeiro de 1823” – data em que, pela madrugada, as lideranças de Oeiras, comandadas pelo Brigadeiro Manoel de Sousa Martins, auxiliado por seu irmão Tenente-Coronel Joaquim de Sousa Martins e alguns oficiais, que aproveitando-se da ausência do Comandante das Armas do Piauí (Major João José da Cunha Fidié), que havia viajado para sufocar o movimento parnaibano, tomaram de assalto o Quartel do Batalhão de Primeira Linha, prenderam os oficiais fiéis a Fidié, sitiaram a residência do então presidente da junta de governo e ocuparam a Casa da Pólvora. Ainda pela manhã, os irmãos Sousa Martins, à frente da tropa formada, solenizaram a adesão de Oeiras ao Movimento Separatista, o que logo depois foi oficializado através de reunião do Senado da Câmara, que também elegeu a nova Junta Provisória do Governo, tendo como Presidente o Brigadeiro Manoel de Sousa Martins.

Temos o “13 de março de 1823” – data da sangrenta Batalha do Jenipapo, a mais sangrenta de todas as batalhas em prol da Independência Política do Brasil, na qual os heróis piauienses, de todas as classes sciais, especialmente os anônimos constuidos na sua maioria por vaqueiros e roceiros da região de Campo Maior, ajudados por cearenses e maranhenses escreveram, com sangue, uma das mais brilhantes páginas da História do Brasil.

Vale ressaltar que essas datas já foram homenageadas oficialmente:

O “19 de Outubro” foi oficializado como o “Dia do Piauí”, pela Lei nº 176, de iniciativa do Deputado José Auto de Abreu, promulgada em 30 de agosto de 1937.

O “24 de Janeiro de 1823” foi oficializado como parte ingrante do Brasão das Armas do Estado do Piauí, pela Lei nº 1050, promulgada de 24 de julho de 1922.

O “13 de Março de 1823”, a partir de uma sugestão do historiador Adrião Neto, foi inserido como parte integrante da Bandeira do Estado do Piauí, pela Lei nº 5.057, de iniciativa do Deputado Homero Fereira Castelo Branco Neto, promulgada em 17 de novembro de 2005.

Como historiador tomo a liberdade de apresentar algumas sugestões para o coroamento das comemorações do Bicentenário dessas três importantes datas.

Mas antes vale ressaltar, que além de ter sido o autor da ideia da inclusão da data histórica da Batalha do Jenipapo na Bandeira do Piauí e da proposta exitosa para homenagear com estátuas os nossos verdadeiros heróis (os vaqueiros e roceiros), tive a ideia de reivindicar diretamente ao Presidente da Rública Federativa do Brasil, a emissão de uma moeda comemorativa do Bicentenário da Batalha do Jenipapo.

De imediato a nossa proposta contou com o apoio e com a parceria da Academia Campomaiorense de Ciências, Artes e Letras (na pessoa do seu presidente, escritor João Alves Filho), da Prefeitura Municipal de Campo Maior (na pessoa do Prefeito João Félix de Andrade Filho) e do Ministro da Casa Civil (Senador) Ciro Nogueira, que também assinou o nosso requerimento e se encarregou de tomar todas as providências para a viabilização da nossa demanda.

Segundo a nossa proposta, a moeda com o valor facial de R$ 1,00 (um real), deverá conter (no anverso) os seguintes elementos:

  1. a) No núcleo prateado transpassando para o anel dourado, o desenho do MONUMENTO NACIONAL DO JENIPAPO e um pouco abaixo, em duas linhas, a inscrição:

CAMPO MAIOR, PIAUÍ, 13 DE MARÇO DE 1823;

  1. b) Na parte superior do anel dourado, a inscrição: BICENTENÁRIO DA BATALHA DO JENIPAPO;
  2. c) Na parte inferior do anel dourado, a data: 1823 – 2023.

O verso deverá ter o design padrão da moeda de R$ 1,00 (um real), contendo a data: 2023.

Depois dessa importante reividicação encaminhada ao governo federal, tomo a liberdade de apresentar algumas sugestões para o coroamento das comemorações do Bicentenário dessas três importantes datas:

1 – Ao Poder Público Municipal de Parnaíba (Executivo/Legislativo), sugiro:

1.1 – A construção de um Memorial dedicado ao “19 de outubro”, a exemplo do “Memorial 24 de janeiro de Oeiras”, constituído por uma praça, um obelisco de 22 metros de altura, um museu, parte administrativa, lanchonete e uma estátua em homenagem ao Brigadeiro Manoel de Sousa Martins, o líder do Movimento Separatista da então capital da Província. Seria o caso de se fazer algo parecido (ou até mesmo mais grandioso) para resgatar a memória do Movimento Parnaibano e dos seus heróis. E para que esta cidade (que pelo feito heroico de 19 de outubro de 1822, recebeu o honroso título de Capital das Províncias do Norte), tenha a oportunidade de reconhecer a grandeza histórica do Coronel Simplício Dias da Silva, colocando-o no trono do Panteão da Liberdade.

1.2 – A instituição de Medalha e Diploma comemorativos do Bicentenário do Movimento Separatista de 19 de outubro, para homenagear as personalidades que achar conveniente;

1.3 – A construção de um arco do triúnfo ou de um obelisco comemorativo no centro da cidade;

1.4 – A construção, na Praça da Graça ou em outro local que achar mais apropriado, de um monumento comemorativo contendo as estátuas dos protagonistas do movimento de 19 de outubro de 1822 (Comandante Militar da Vila, Coronel Simplício Dias da Silva; Presidente do Senado da Câmara, Juiz de Fora João Cândido de Deus e Silva; Alferes Leonardo de Carvalho Castelo Branco; Coronel José Francisco de Mirando Osório, dentre outros);

1.5 – A afixação, no frontispício da sede do poder legislativo, de uma placa alusiva ao movimento com manifestação de gratidão ao Presidente Senado da Câmara, Juiz de Fora João Cândido de Deus e Silva, ao Comandante Militar da Vila de São João da Parnaíba, Coronel de Cavalaria Simplício Dias da Silva e aos demais protagonistas do movimento de 19 de outubro de 1822;

1.6 – A afixação, no frontispício da Casa Grande de Parnaíba, de uma placa com preito de gratidão ao Coronel Simplício Dias da Silva por ter liderado aquele movimento, e que além disso, afixem placas identificando cada recinto daquele imóvel, tipo: gabinete, sala de reuniões, biblioteca, refeitório, quarto do casal e outros cômodos;

1.7 – A afixação, de uma placa comemorativa no monumento em homenagem ao Sesquicentenário da Independência, situado na Praça da Graça;

1.8 – A implementação de ações para conseguir junto à Direção Geral da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, a emissão de um selo comemorativo;

1.9 – A celebração de um convênio com a Academia Parnaibana de Letras e com o Instituto Histórico de Parnaíba, para elaboração e edição de um livro comemorativo ao Bicentenário do Movimento Separatista de 1822/1823, com textos históricos e depoimentos;

2 – Ao Poder Público Municipal de Campo Maior (Executivo/Legislativo), sugiro:

2.1 – A instituição de Medalha e Diploma comemorativos do Bicentenário da Batalha do Jenipapo, para homenagear as personalidades que achar conveniente;

2.2 – A construção de um arco do triúnfo ou de um obelisco comemorativo no centro da cidade;

2.3 – A afixação de placa no Monumento Nacional do Jenipapo, com preito de gratidão aos heróis que tobaram em defesa do ideal de liberdade;

2.4 – A afixação de placa no Monumento Nacional do Jenipapo, em homenagem ao comandante geral e ao subcomandante da tropa independentista – Capitão Luís Rodrigues Chaves e Capitão João da Costa Alecrim;

2.5 – A implementação de ações para produzir um documentário sobre a Batalha do Jenipapo, para que seja veiculado nas escolas de todo o Estado;

2.6 – A construção de estátuas no centro da cidade, em homenagem ao Tenente e Vereador Simplício José da Silva e ao Rábula Lourenço de Araújo Barbosa;

2.7 – A afixação, em um pedestal erguido em frente à Igreja Matriz de Santo Antônio, de uma placa com o registro de que aquele templo foi o ponto de partida dos combatentes que seguiram para o combate.

2.8 – A afixação, no frontispício do Poder Legislativo, de uma placa com preito de gratidão ao Vereador e Tenente Simplício José da Silva, pela sua brilhante participação na Batalha do Jenipapo e, posteriormente na guerrilha que forçou a tropa portuguesa a abandonar o lugar Estanhado (atual cidade de União, onde se encontrava aquartelada) e fugir para o Maranhão.

2.9 – A edição de uma cartilha com a síntese histórica do nosso Movimento Separatista, para que seja distribuída durante as festividades comemorativas da cidade;

2.10 – A celebração de um convênio com a Academia Campomaiorense de Ciências Artes e Letras, para elaboração e edição de um livro comemorativo ao Bicentenário da Batalha do Jenipapo, com textos históricos e depoimentos.

3 – Ao Poder Público Municipal de Oeiras (Executivo/Legislativo), sugiro:

3.1 – A instituição de Medalha e Diploma comemorativos do Bicentenário da Adesão de Oeiras ao Movimento Separatista Parnaibano, para homenagear as personalidades que achar conveniente;

3.2 – A afixação de placa no Sobrado Major Selemérico (que serviu como palácio do governo no período provincial), com preito de gratidão ao Brigadeiro Manoel de Sousa Martins, ao Tenente-Coronel Joaquim de Sousa Martins e aos demais protagonistas do Movimento de 24 de janeiro de 1823.

3.3 – A celebração de um convênio com o Instituto Histórico de Oeiras, para elaboração e edição de um livro comemorativo ao Bicentenário da participação oeirense no movimento separatista.

3.4 – A afixação, em um pedestal erguido em frente à Casa da Pólvora, de uma placa alusiva à tomada daquela instalação militar pelos independentistas.

4 – Ao poder Público Estadual (Executivo/Legislativo), sugiro:

4.1 – A revitalização do Monumento Nacional do Jenipapo e seu entorno, com a implementação de infraestrutura e equipamentos de turismo;

4.2 – A construção de um monumento em Piracuruca, dedicado ao Combate da Lagoa do Jacaré;

4.3 – A construção, no pátio ou nas imediações da Igreja Matriz de Nossa Senhora do Carmo de Piracuruca, de uma estátua do Alferes Leonardo Castelo Branco – primeiro piauiense dentre os refugiados no Ceará a retornar ao Piauí e o fez na condição de comandante de um contigente de dezenas de homens, sendo também o primeiro a reagir “militarmente” contra as forças legais. Rendeu todo o destacamento de Piracuruca, fiel a Portugal, ali deixado por Fidié, Proclamou a Independência daquela Vila no dia 23 de janeiro de 1823 e posteriormente, em 05 de fevereiro daquele mesmo ano Proclamou também a Independência da Vila de Campo Maior;

4.4 – A construção de um monumento em União, em homenagem às investidas vitoriosas dos independentistas contra as volantes de Fidié;

4.5 – A reedição e divulgação de todas as obras abordando o assunto relacionado com a Batalha do Jenipapo;

4.6 – A inclusão da História do Piauí e da Batalha do Jenipapo no currículo escolar das escolas de ensino fundamental e médio da rede pública e privada de ensino do Piauí;

4.7 – A celebração de convênio com o Ministério da Educação e/ou com as editoras, para que os fatos relativos ao nosso Movimento Separatista sejam veiculados nos livros didáticos de História do Brasil, adotados em todo o território nacional.

4.8 – A celebração de convênio com o Comando Militar do Nordeste, sediado em Recife (PE) para a instalação de um Batalhão do Exército na área ou nas imediações do Monumento Nacional do Jenipapo, que dentro outras atribuições, deverá ter a imcumbência de cuidar do monumento, que atualmente encontra-se praticamente em estado de abandono.

Concluindo esta matéria recheada de sugestões/reivindicações com vistas ao coroamento das festividades comemorativas do Bicentenário do Movimento Separatista de 1822/1823, conclamo todas as autoridades das três esferas governamentais para que implementem o resgate da nossa memória histórica, fazendo justiça aos feitos heroicos dos nossos antepassados.

Fonte: Adrião Neto. Foto: JP. Edição: APM Notícias.

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