Portal Correio do Norte

Agosto de Deus, por Zilmar Júnior.

 

 

Nos meses de agosto e setembro, fiz algumas participações enquanto escritor em escolas públicas, falei um pouco do meu livro, Macyrajara, e acredito que pude contribuir de alguma forma no incentivo à leitura e à formação/consolidação de novos leitores. Além das escolas públicas, também fui em escolas da rede privada.

Diante disso, pude perceber novamente a discrepância com que ambas são tratadas. Não é a primeira vez que fui em escolas públicas e pude confirmar a carência literária que nelas existem.

Na rede privada, a maioria dos alunos puderam adquirir meu livro, levar para casa, ter esse contato, que ressalto, é lindo ver a satisfação que eles têm ao ter um livro para chamar de seu.

Na rede pública, se não fosse a disposição, o interesse e a esforço dos professores, seus alunos não poderiam vivenciar algo que há muito tempo deveria acontecer, mas, infelizmente, quando se trata de literatura, os órgãos responsáveis fecham seus olhos ou fingem não ver a necessidade que os alunos têm e a vontade que eles demonstram em querer ter sempre por perto um livro como algo próximo, como amigo, e que é de acesso fácil a eles.

Sei que é inviável cada aluno de escola pública ter um “paradidático”, mas o mínimo, o mínimo mesmo, seria que eles pudessem ter a sua disposição a reafirmação da riqueza de nossas histórias, de nossas narrativas.

Eu, quando criança e aluno de escola pública, nunca conheci um escritor pessoalmente. Sempre os via como alguém muito importante, que não iria ter contato comigo e que jamais eu seria um. Graças a Deus, pude me tornar algo que nunca pensei em ser: professor e escritor.

Essas duas funções, ao mesmo tempo que me deixam feliz, também me deixam triste. Feliz pelos convites que recebo e como sou tratado; e triste, por saber que mesmo passados tantos anos que não sou mais criança e nem aluno de escola pública, a realidade permaneça quase a mesma, triste em saber que as escolas públicas poderiam ter mais obras piauienses, que os alunos poderiam ter mais acesso à leitura e que os professores poderiam se esforçar menos para que o mundo literário permanecesse sempre vivo.

No que me cabe, tento reconstruir essa realidade, dentro do que me compete e sem terceirizar serviços alheios. Independente de eu ir em uma escola de rede pública ou privada, sairei de casa com a mesma vontade em propor momentos bons e que jamais possam ser esquecidos.

É com essa mesma vontade que espero que um dia a educação pública possa ser exemplo para a escola privada, e não o contrário.

 

Disponho alguns registros: Escola Municipal de Educação Infantil Prof. Neném Barros; Escola Municipal Mons. Antônio Sampaio; Escola Municipal Benedicto dos Santos Lima.

No mais, agradeço a todos os colaboradores das escolas municipais mencionadas e não menos importantes, também as pessoas que fazem parte do Colégio Gênesis, Primeira Classe, Arco-íris e Sesc.

Meu muito obrigado!

Parabéns a todos!

Zilmar.

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