A alta velocidade de transmissão da variante Ômicron da Covid em Fortaleza tem se expressado principalmente nos dois bairros mais ricos da cidade: Aldeota e Meireles são as localidades com mais casos novos da doença em 2022.
A Aldeota somava, até essa segunda-feira dia 7 de fevereiro, 8.856 pacientes confirmados com Covid, desde o início da pandemia. Do total, 2.586 foram diagnosticados somente em 2022. Os dados são de boletins epidemiológicos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Em segundo lugar, aparece o Meireles, que tem mais testes positivos (9.187), se considerada a pandemia toda, mas teve menos pessoas infectadas neste ano: foram 2.425 casos registrados pela SMS.
Completando a lista de 5 bairros com maior número de novos casos em 2022, aparecem três periféricos: Mondubim (2.010), Barra do Ceará (1.850) e Jangurussu (1.800). Por outro lado, Praia do Futuro I (57), Moura Brasil (68) e Guajeru (89) tiveram os menores incrementos.
Em quantidade de pacientes que morreram por complicações da Covid, é Messejana o bairro da cidade com maior acumulado: desde janeiro deste ano, 13 pessoas perderam a vida para o coronavírus. Aldeota (11), Meireles (11), Antônio Bezerra (10) e Conjunto Ceará (10) completam os 5 primeiros.
Acesso à testagem
O epidemiologista e gerente da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Antonio Lima, enfatiza que na análise do atual cenário da pandemia é preciso ponderar que o registro de muitos casos em determinadas áreas pode estar relacionado ao acesso mais fácil a testes.
O especialista reitera, ainda, que a dispersão dos casos em janeiro deve ter sido muito maior do que os dados conseguem refletir. Em relação às mortes, Antônio eplica que a mortalidade ainda é pulverizada.
“Tem um aglomerado na transição do Joaquim Távora, indo um pouco para Regional III. Aglomerados muito pontuais no José Walter, no Planalto Ayrton Senna, no Demócrito Rocha, Pici, eles refletem pulverização. Demonstram que foi muito rápido e disperso”, analisa.
Um dos diferenciais da 3ª onda para as demais da pandemia é a rapidez com que os casos atingiram o pico. “Em um mês, entre o dia 20 de dezembro de 2021 e o dia 19 de janeiro de 2022, a gente atingiu o pico”, frisa o epidemiologista.
O padrão de alta transmissão da Covid em bairros de classes média e alta de Fortaleza foi constatado desde o 1º mês da pandemia na cidade, por meio de estudo de pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal do Ceará em parceria com órgãos do Governo do Estado.
A pesquisa, feita entre março e abril de 2020, evidenciou que o Meireles, por exemplo, bairro com os primeiros registros de casos da doença na Capital, em 1 mês de pandemia, teve mais casos do que alguns estados do Nordeste, como Paraíba, Piauí e Sergipe.
Dados da Secretaria Municipal de Saúde indicam que Messejana é localidade com maior número de óbitos pela doença
Escrito por Theyse Viana e Thatiany Nascimento, ceara@svm.com.br 06:00 – 09 de Fevereiro de 2022. Atualizado às 08:58
Fonte: DN. Foto: CRI. Edição: APM Notícias.