Por: Professor Gilberto Wagner
Gilberto Wagner
Quem conhece um pouco de história e/ou pessoas mais idosas que ainda vivem entre nós, tem consciência de que o município de Magalhães de Almeida foi um grande produtor de fumo, algodão, farinha e arroz que eram exportados através do seu porto fluvial e também, mesmo com dificuldades através das suas estradas carroçáveis existentes para várias cidades do Maranhão e do Piaui. Hoje sobrevive de um insipiente comércio “de importação de tudo”, pois nada se produz aqui, nem mesmos os produtos primários. Sua agricultura é familiar e de subsistência, utiliza métodos rudimentares e não vem recebendo incentivos e nem orientação técnica adequada. O aproveitamento da mão de obra na zuna rural é muito pequena, tudo causado por falta de projetos sustentáveis, os campos de soja e de milho existentes, embora encham os olhos de quem os comtempla e que chega até a sonhar com um efetivo desenvolvimento agropecuário com utilização de modernos maquinários de tecnologia de ponta, na realidade é um fator redutor de emprego de mão-de-obra e não agrega quase ninguém de Magalhães de Almeida.
Atualmente na nossa zona rural segue o franco desmatamento dos cerrados para a expansão do plantio de soja e eucalipto. Assim, alertamos mais uma vez que a expansão de áreas com monoculturas traz problemas sérios, na medida em que é retirada a cobertura vegetal original impacta negativamente na alimentação silvestre, na qualidade de vida e na possibilidade de sobrevivência da fauna e flora, além das pragas e doenças que vão surgir com maior frequência e proporção.
Por um outro lado, a cidade possui várias estruturas bem conservadas, o que na verdade pouco ou quase nada estão relacionados com os benefícios da agricultura monocultora, mas sim pela ação profícuas dos seus prefeitos e vereadores. Portanto, quem percorre o território do município de Magalhães de Almeida cruza frequentemente com boas obras, ruas limpas, escolas bem conservadas, hospital e Postos de saúde com os mesmos perfis. Podemos admitir uma cidade é bem cuidada nos seus aspectos urbanos e de limpeza públicas.
Nas últimas administrações municipais, por dezenas de anos nada foi impactante ao desenvolvimento da sede e nem na zona rural. O marco destacável de obra estruturante foi há 15 anos, quando no governo José Reinaldo, construiu a rodovia que liga São Bernardo a Magalhães, se não tivesse saído esta estrada o município estava isolado até hoje. Dentro do contexto do desenvolvimento, a agricultura familiar pode ser entendida como o cultivo da terra realizado por pequenos proprietários rurais, tendo como mão de obra essencialmente o núcleo familiar. Reforço que este setor agricultura família não tem significativa referência em nossa Magalhães de Almeida. Para confirmar essa falta de atenção destaco aqui o texto do meu livro Reminiscências de Magalhães de Almeida.
AGRICULTURA DE MAGALHÃES DE ALMEIDA |
Ao longo da história desse município, a maior atividade era a pesca acompanhada da agricultura de subsistência, mas com a chegada de Benedito Romão de Sousa, a produção de fumo e algodão se destacou, tornando-se os principais produtos agrícolas. Dez anos depois de sua chegada, Benedito Romão, mandou buscar alguns parentes oriundos da cidade de Buriti dos Lopes do Estado do Piauí, para ajudá-lo nos seus negócios.
Entre esses parentes podemos citar: Os senhores, José Pereira Neto (Zeca Binga), José Fábio Diniz (cazuza), Benedito Fábio Diniz (Bidoca) Pedro Escórcio da Silva, Joca Silva, João Francisco Gomes, Vicente Correia Lima, Pedro Correia Lima e outros.
Todas as personagens citadas acima, além de serem considerados homens de confiança de Benedito Romão de Sousa, são para os Magalhenses, os pioneiros na construção familiar da cidade. Na década de sessenta, os negócios entram em crise e o Senhor Benedito Romão passou a investir somente na agricultura, emprestando mantimentos e dinheiro para receber em produção de algodão.
No ano seguinte ele passa a investir principalmente em madeira, chegando a criar uma serraria, em sociedade com o senhor Antônio Batista Vieira e Benedito Romão, a mesma também trouxe progresso.
Comentam seus empregados, que o senhor Benedito Romão de Sousa não foi para Magalhães de Almeida, somente um grande comerciante e sim o pai do progresso, pois com a saída do mesmo para a Coroa de São Remígio, (povoado do município de Buriti dos Lopes), o desenvolvimento ficou difícil. Mudou tudo; as produções de fumo e de algodão foram embora, o movimento de embarque e desembarque deixaram saudade, aos portos de São Antônio, Perebral, Jatobá e Cainagua, saudade, saudade!
Saudade dos canoeiros vendedores de fumo, Antonio Candeira, Aldo Linhares, AntonioTimisto e outros.
Hoje, a cidade tem com a maior produção agrícola, os cultivos de soja nas terras que eram do senhor Benedito Romão. Ressaltamos que essas terras pertencem atualmente aos Gaúchos.
O feijão, arroz e mandioca, produzida nas terras dos senhores: José Gonçalves Costa (zezú). Francisco das Chagas Silva Castro (Chico Tobias), Maridé Coelho de Almeida, (Maridé) e Darcio Almeida (Terra de Santo Agustinho), tem pouca potencialidade junto o abastecimento local. Destacamos também que as terras do povoado Santo augustinho pertence hoje a um grupo de assentados do INCA. (Militantes do PT).
Vale destacar que as terras do Piauí, ou seja, a Ilha da Seriema (assim chamada pelos nossos antepassados) foi o centro de sustento complementar do abastecimento de Magalhães de Almeida. Mãe Ilha da Seriema foi e sempre será o sustento complementar da produção agrícola dos Magalhenses.
Foto: ilustrativa