*Buriti dos Lopes: décadas de descaso e a interminável crise de abastecimento de água*
Buriti dos Lopes, uma das cidades mais relevantes da região Norte do Piauí, continua convivendo com um problema antigo e negligenciado: a falta de água. O drama se agrava ano após ano, especialmente durante a estiagem, de agosto a dezembro, quando a população é obrigada a improvisar para garantir o mínimo de água para sobreviver.
O que mais revolta é que não faltam promessas ou projetos. Um exemplo é o atual sistema de abastecimento, financiado pelo governo federal via Codevasf, no valor de mais de 6 milhões de reais. A obra está em andamento, mas seu ritmo arrastado e o atraso significativo são um sinal de que o problema não será resolvido este ano. E assim, mais uma vez, os moradores terão que lidar com a falta de água sem perspectiva clara de solução.
Nos bairros localizados nas partes mais altas da cidade, a situação é ainda pior: as torneiras estão secas há meses. Sem opção, muitos recorrem aos poucos chafarizes públicos que ainda funcionam ou à boa vontade de vizinhos com poços tubulares. A cena de pessoas carregando baldes d’água pelas ruas tornou-se parte da rotina local, revelando a precariedade que assombra a cidade.
A Agespisa, responsável pelo abastecimento, pouco tem feito para mitigar a crise. Entretanto, a solução definitiva está agora nas mãos da prefeitura, que recebeu os recursos para finalizar o novo Sistema de Abastecimento com água do rio Parnaíba. O problema é que a população já não acredita em prazos ou promessas: há desconfiança sobre se, de fato, o projeto sairá do papel a tempo de evitar mais um período de seca e sofrimento.
Diante dessa realidade, a situação de Buriti dos Lopes é um retrato do descaso e da falta de gestão pública eficiente. O abastecimento de água é um serviço básico e essencial, mas em pleno 2024, a população continua refém de promessas não cumpridas. A inércia administrativa e a falta de compromisso com a obra mostram que a água em Buriti dos Lopes não é apenas uma questão técnica, mas um reflexo de prioridades mal definidas. Até quando os moradores terão que enfrentar essa batalha por algo tão essencial quanto a água?
Por: jornalista José Luiz de Carvalho
Foto: (Arquivo web)