Consciência Mulata.
Nas paredes de pedra, o sangue, o suor, as lágrimas,
Sedimentos de uma história de correntes rompidas,
Óleo de baleia, cal – testemunhas de uma luta pela liberdade.
Agora, os sons, os movimentos, os risos,
Afogam as memórias de dor.
No restaurante, o sabor salgado ascende,
Num presente onde a alegria sufoca o passado.
O voo do tempo, corações efervescentes,
Sonhos embalados por ritmos pulsantes.
Olhares se elevam à lua, ao arco noturno da ponte,
À ilha que se oculta e se revela sob o manto celeste.
O poeta, com seu whisky, observa o límpido da vida,
Um fluxo incessante de eras e almas.
A linhagem mulata, mosaico de peles,
“Consciência negra”, essência clara,
Livre do fardo da culpa, carrega a riqueza do ser.
Viagem longa, o barco da existência,
África, mãe distante,
Teu eco ressoa em nós, eternamente presente.
Poeta e Jornalista Piauiense – Porto das Barcas – Parnaíba – PI (23.11.2023).
Foto: Biologia Parnaíba
Para o meu amigo Pádua Marques.