O fim dos vagalumes? Esta pode ser a última geração a vê-los
Os vagalumes estão entre os insetos ameaçados de extinção, segundo a pesquisa A Global Perspective on Firefly Extinction Threats, publicada na revista científica BioScience. A perda de habitat, a poluição da água, o uso de pesticidas e a iluminação artificial são as principais causas da redução drástica da população desses animais.
No Brasil, estudos indicam que os vagalumes já não são vistos com a mesma frequência de décadas atrás. De acordo com a bióloga Jéssica Herzog Viana, professora da Universidade do Estado do Pará (UEPA), e Luiz Felipe Silveira, professor da Universidade da Carolina Ocidental (EUA), a preservação de áreas naturais é essencial para minimizar os riscos de extinção.
“É um problema complexo e que depende da área com a qual estamos lidando, rural ou urbana. Entretanto, como a perda de habitat é um dos motivos principais, pois está presente em ambas as áreas, a conservação de áreas naturais deve ser uma das ações prioritárias para que sejam minimizados os riscos de extinção dessas espécies”, afirmou Jéssica ao G1.
Os vagalumes fazem parte de um grupo de besouros distribuídos mundialmente. No ciclo de vida, passam pelas fases de ovo, larva, pupa e adulto. A bioluminescência ocorre tanto em larvas quanto em adultos, que utilizam a luz como estratégia para atração de parceiros. “Os órgãos bioluminescentes dos vagalumes se localizam na parte inferior dos últimos segmentos abdominais. Neste órgão, uma substância chamada luciferina é oxidada, com mediação da enzima luciferase e necessidade de ATP e íons de magnésio, resultando na substância oxiluciferina e na emissão de luz”, explicou a professora.
No Brasil, já foram identificadas 362 espécies de vagalumes, mas o número pode ser maior. “Para o mundo, são mais de 2.500 espécies, e para o Brasil são 362. Entretanto, ainda existem muitas espécies de vagalumes a serem descritas. Como existem poucos estudos sobre essas espécies, não se pode afirmar qual espécie estaria mais ameaçada, mas há um consenso entre os pesquisadores de que esta ameaça é real e que várias espécies de vagalumes, inclusive as que ainda não são conhecidas pela ciência, estariam ameaçadas”, disse a bióloga.
Jéssica participa da descrição de sete novas espécies de vagalumes, ainda não catalogadas pela ciência, em um artigo desenvolvido em colaboração com Luiz Felipe Silveira. “Precisamos urgentemente conhecer quem são os vagalumes que estão nos nossos ecossistemas para saber como lidar com essas ameaças, mas é evidente que a observação rotineira de grandes quantidades de vagalumes bioluminescentes na beira e até mesmo dentro de áreas naturais está cada vez mais rara”, concluiu.