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Saiba tudo sobre o remdesivir, nova aposta dos EUA contra a covid-19

Nessa semana, os Estados Unidos anunciaram a liberação do remdesivir, nova aposta contra a covid-19. De acordo com Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas (NIAID), o medicamento se mostrou eficaz na redução do tempo de recuperação de pacientes, trazendo efeitos positivos para esta batalha mundial.

Depois da cloroquina, especialistas tomaram uma série de cuidados ao divulgar o uso de novos tratamentos contra o coronavírus, dada a corrida pelo medicamento e uso inadequado da substância, causando complicações gerais e resultando na falta da droga para aqueles que dela necessitam por serem portadores de outras condições. Entretanto, a solução da companhia farmacêutica norte-americana Gilead – originalmente desenvolvida para combater o Ebola – se mostrou uma forte candidata depois de decepções com resultados de outras pesquisas.

Conheça o remdesivir e saiba como ele atua.

Claro que as dúvidas não param de surgir. Portanto, é preciso entender que novas informações a respeito da evolução dos casos podem chegar a todo momento. Além disso, automedicação não é uma opção. O tratamento proposto deve passar por uma série de etapas antes de se provar uma ferramenta válida.

O que é o remdesivir e para quem é destinado

Remdesivir é um antiviral que atua diretamente na eliminação do vírus, assim como na inibição de seu desenvolvimento e replicação. Ele foi testado em laboratório contra diversos tipos desses microrganismos, incluindo o SARS e o MERS, e todas as pesquisas realizadas permitiram que os testes com o Sars-CoV-2 fossem acelerados.

Se tudo correr bem, especialistas defendem que a novidade seja administrada em pacientes que estiverem hospitalizados. Por outro lado, há quem se preocupe com a velocidade das coisas. “O panorama geral pode não ser tão espetacular quanto as pessoas pensam”, declarou Umer Raffat, analista da Evercore ISI.

Antiviral pode auxiliar no tratamento contra a covid-19.

Isso porque não existem confirmações de que o remdesivir realmente acabe com o novo coronavírus, apenas de que os sintomas foram aliviados e a recuperação foi mais rápida. Richard Whitley, especialista em doenças infecciosas, alerta que a droga não é eficaz em estágios avançados: “Não se pode esperar para tratar alguém até que esteja na UTI e utilizando respiradores. Aí é tarde demais. Já não haveria o que fazer”.

Apesar da precaução, dados mostram que o medicamento não é perigoso à saúde humana, mas, dada a capacidade de adaptação de qualquer vírus, é preciso ter muito cuidado para que não surjam mutações resistentes a algo que mal chegou a nossas mãos. Portanto, nada de sair comprando qualquer antiviral sem orientação médica.

“Não podemos chegar ao ponto em que pessoas que precisem da droga não a consigam e aqueles que não precisem a adquiram. Temos que encontrar maneiras de assegurar o aumento da produção de medicamentos que se provem efetivos para assegurarmos que sejam distribuídos de acordo com a necessidade e o benefício gerado”, diz Mike Ryan, líder do programa emergencial da Organização Mundial da Saúde.

Evitar automedicação previne mutações do vírus ou efeitos negativos à saúde.

Próximos passos

É importante salientar que, apesar da aprovação, não existem dados suficientes quanto à eficácia do remdesivir contra o coronavírus. O estudo levou em conta mil pacientes. Entre eles, alguns receberam o medicamento e outros placebo. Não houve diferenças significativas quanto à taxa de mortalidade, sendo restritas à redução do tempo de recuperação: de 15 dias, caiu para 11 – o que é uma ótima notícia, já que, quanto antes liberados, mais leitos de hospitais podem ser disponibilizados à população.

Aneesh K. Mehta, um dos pesquisadores envolvidos no teste, ressalta que, além dos dados inconclusivos, quaisquer antivirais não reduzirão o impacto no caso de desenvolvimento crônico da doença, já que são eficazes somente em estágios iniciais. “Tais medicamentos não são ‘balas de prata’. Eles não livram pessoas de infecção alguma, apenas previnem a replicação do vírus”. Ou seja, é mais uma terapia para auxiliar no tratamento que um tratamento em si. Isso pode fazer a diferença para a vida de vários pacientes, mas, infelizmente, não é a resposta final à doença.

Aprovação é apenas emergencial e restrita aos Estados Unidos.

Ainda não se sabe quando o remdesivir estará disponível em países além dos EUA, nem se será aprovado em outros locais. Afinal, o Food and Drug Administration (FDA), órgão que permitiu o uso em terras norte-americanas, possui jurisdição exclusivamente por lá, sendo que não concedeu aprovação total, somente emergencial. E mais: não existem expectativas de distribuição global ou preço.

O laboratório responsável pelo medicamento quer se dedicar à expansão da produção atual, atingindo 500 mil tratamentos em outubro, 1 milhão até dezembro e continuar a acelerar em 2021, se necessário. Além disso, declarou a doação de 1,5 milhão de doses individuais, número equivalente a 140 mil tratamentos. A ação, claro, tem seu valor, mas, no mundo, há mais de 3 milhões de casos em 185 países. É preciso mais.

Dr. Michael Head, pesquisador da Universidade de Southampton, diz que a pandemia está mostrando a importância de explorar terapias adicionais no surgimento de novas doenças. “Mesmo que a eficácia do remdesivir seja limitada, pode ser uma opção a mais de tratamento, considerando que dados indicam que muitos dos pacientes hospitalizados não se recuperam”. Enquanto isso, seguimos esperando.

Fonte: TecMundo

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