SHORT STORIES de Antonio Gallas
Mal o prefeito Mão Santa determinou através de um decreto a abertura do comércio no dia 27 de março do ano de 2020 que o Apolinário começou suas estrepolias culminando em sua prisão no final da manhã e início da tarde.
Há mais ou menos uma semana o comércio de Parnaíba havia fechado suas portas por conta de um decreto governamental que, segundo o governador do Estado, estaria cumprindo as recomendações da Organização Mundial da Saúde – OMS, como forma de evitar a proliferação da Convid 19, conhecido como Coronavírus e que muito mal estava fazendo à população do mundo inteiro e que, se tivesse grandes proporções no Brasil causaria um desastre muito maior ao país, não apenas à economia, como também aos demais setores da nação.
Apolinário que nunca trabalhou na vida, vivia de biscates, de enganar as pessoas, e nos descuidos dos comerciantes em pequenos furtos.
Não tinha morada certa, mas atualmente estava no chamado Carandiru, no Bairro Mendonça Clarck nas proximidades do Mercado da Quarenta. Por suas investidas já era bastante conhecido nos distritos policiais e por isso ganhou o cognome de Mala.
– Lá vem o Mala de novo, O que foi dessa vez, Mala?
* DISSE O DELEGADO
Pois bem. Tão logo percebeu que algumas lojas começaram abrir suas portas preparou-se para o seu “trabalho”, pois afinal há uma semana que ele não fazia nada, não ia ao restaurante popular, ao “troca-troca” etc… Ficar entocado o dia inteiro, deitado no chão quente e sujo do Mercado da Quarenta não era negócio pra ele.
Na manhã dessa sexta-feira dia 27 de março de 2020 o Mala saiu disposto a arranjar uns trocados que dessem para, pelo menos, poder tomar uma pinga num dos botecos em frente à parada das Vans na Vala da Quarenta e comprar um pó para cheirar à noite e assim poder dormir, sonhar e viajar sob o efeito da droga.
Dirigiu-se ao Banco do Brasil e não conseguiu nada. Caminhou então rumo às lojas da rua Almirante Gervásio Sampaio onde existem lojas de variedades, de confecções masculinas e femininas, lojas de ferragens, sapatarias e tudo mais.
Adentrou em uma loja de artigos femininos e ao primeiro descuido do proprietário surrupiou uma calcinha, peça íntima do vestuário feminino e arribou na carreira. Só que ele não contava que nesse momento um policial militar fosse passando na porta da loja para azar seu.
Na carreira apressado esbarrou no cabo Êta que por coincidência , ou para o seu azar passava na porta da loja.
– Espera aí ô rapaz! Tá pensando o que?
* DISSE CABO ÊTA
À esta altura seu Alonso, proprietário da loja gritava:
– ele roubou uma peça da minha loja.
– É verdade. Roubei uma calcinha para fazer uma máscara e me proteger do Coronavirus, pois estou sem dinheiro para comprar na farmácia.
*DISSE O “MALA”
– Que máscara que nada! Vamos já para delegacia.
*DISSE CABO ÊTA
– Por favor, não me prenda. Eu tô doente. Acho que peguei o Coronavírus.
*DISSE O “MALA”
O policial não quis saber de conversa. Chamou o camboarão e levou Apolinário para a Central de Flagrantes.
O delegado ao ver Mala chegar mais uma vez na Central de Flagrantes coçou o quengo e sorriu.
Apolinário sentou-se em frente à mesa do delegado e enquanto o escrivão preparava o computador para promover o flagrante quando Mala desembestou-se a tossir e espirrar…
O delegado assustado, tampando o nariz com a mão esquerda e com a direto fazendo o tradicional sinal de quem manda embora exclamou:
“solta…solta… solta!”