Era uma vez, no século XVIII, um padre jesuíta italiano chamado Gabriel Malagrida. Conhecido como o apóstolo do Brasil, Malagrida era uma figura imponente e inesquecível por onde passava. Sua jornada o levou ao Pará, ao Maranhão e ao Piauí, onde, no interior de Buriti dos Lopes, ele construiu o primeiro seminário da região em 1752.
No entanto, a vida tranquila de Malagrida foi abalada pela perseguição aos jesuítas, liderada pelo temível Marquês de Pombal. Enfrentando essa tempestade, Malagrida decidiu esconder um tesouro valioso na Pedra do Sal, em Parnaíba. Um lugar de beleza natural deslumbrante, mas de difícil acesso, era o esconderijo perfeito.
Em 1755, um terremoto seguido de tsunami devastou Portugal, especialmente Lisboa, deixando um rastro de morte e destruição. Malagrida, em sua sabedoria e fé, atribuiu essas tragédias a castigos divinos pelo mau comportamento do Rei Dom José e do Marquês de Pombal. Suas palavras, no entanto, despertaram a ira da Santa Inquisição. Malagrida foi preso e, em 1761, foi condenado à morte. Ele foi levado pelas ruas de Lisboa, amordaçado, garroteado e queimado em praça pública, enquanto a multidão assistia.
O tesouro de Malagrida, no entanto, permaneceu escondido, esperando pacientemente para ser descoberto. E assim foi até a década de 1940, quando um parnaibano, durante uma viagem a Dakar, na África, encontrou em uma loja de antiguidades um mapa que apontava o local exato do tesouro escondido pelo padre.
Com o mapa em mãos e o coração cheio de esperança, o parnaibano retornou ao Brasil. Após uma longa e cansativa busca, ele encontrou o tesouro na Pedra do Sal. Rico e satisfeito, ele decidiu mudar-se para Fortaleza, onde viveu o resto de seus dias em conforto e prosperidade, graças ao tesouro do Padre Malagrida.
*José Luiz de Carvalho é escritor e atual presidente da Academia Parnaibana de Letras.
Obs: texto de ficção literária.